Olá a todos! Já faz algum tempo eu ando pensando em escrever um post sobre a relação entre o jogo de poker e as leis da mecânica quântica. Pode parecer uma analogia absurda em um primeiro instante, mas garanto que ambas idéias compartilham de vários pontos em comum. Além do que, quanto mais diferentes dois conceitos são mais interessante pode se tornar relacioná-los. Vamos ver.
Antes de mais nada, vamos definir o que é a mecânica quântica e quais são suas leis. Não pretendo me aprofundar nessa definição e nem tenho a pretensão de considerá-la completa. O que desejo fazer é usar conhecimentos básicos e gerais sobre o assunto para traçar um paralelo com a dinâmica do poker.
Até o início do século XX todo o fundamento da física era moldado pela visão deterministica do Universo, fruto principalmente dos trabalhos de Isaac Newton. Sob essa abordagem, todo e qualquer evento existente é consequência de uma causa e é, também, a causa de outros eventos. Vamos colocar da seguinte maneira: se atirarmos uma bola de sinuca contra outras em uma mesa ela vai colidir e causar um movimento nas demais. Temos a causa (disparo de uma bola de sinuca) e temos uma consequência (o movimento provocado nas demais bolas). Pensando dessa maneira, se pudéssemos medir exatamente de que maneira a primeira bola foi lançada e se tivéssemos à mão todas as fórmulas necessárias para realizar os cálculos poderíamos, teoricamente, saber com antemão como seria o movimento causado nas bolas da mesa de sinuca e, consequentemente, como o sistema se configuraria no final. Agora vamos expandir a idéia até os confins da nossa existência. Imaginem cada átomo do cosmos como uma bola de sinuca e imaginem toda a extensão do Universo como uma mesa. Se soubéssemos qual a configuração dessas "bolas" na "mesa" universal em um dado momento e se tivéssemos como processar toda essa informação usando as fórmulas adequadas poderíamos prever como o Universo se configuraria em qualquer ponto de sua extensão em qualquer instante do tempo. Seria possível prever, inclusive, pequenos detalhes como qual a cor do vestido que aquela mulher vai usar depois de amanhã ou se aquele cachorro vai levantar a pata esquerda ou direita quando for fazer xixi hoje. Qualquer coisa seria previsível, conquanto se possuísse as informações adequadas e uma maneira eficaz de processá-las. Espantados? O impacto dessa corrente de pensamento atingiu a filosofia humana como um soco na boca do estômago. É claro que dificilmente teríamos acesso a toda informação existente no Universo em um determinado instante, muito dificilmente conseguiríamos descobrir fórmulas 100% corretas sobre a interação entre matéria/energia e, ainda assim, seria preciso computadores velocíssimos para processar tamanho fluxo de dados. Mesmo assim, teoricamente, tudo estaria determinado antes mesmo de ocorrer. Em um cenário como esse seria possível existir livre-arbítrio? E qual seria o papel de Deus já que esse não poderia interferir em absolutamente nada dentro do sistema?
Até o início do século XX todo o fundamento da física era moldado pela visão deterministica do Universo, fruto principalmente dos trabalhos de Isaac Newton. Sob essa abordagem, todo e qualquer evento existente é consequência de uma causa e é, também, a causa de outros eventos. Vamos colocar da seguinte maneira: se atirarmos uma bola de sinuca contra outras em uma mesa ela vai colidir e causar um movimento nas demais. Temos a causa (disparo de uma bola de sinuca) e temos uma consequência (o movimento provocado nas demais bolas). Pensando dessa maneira, se pudéssemos medir exatamente de que maneira a primeira bola foi lançada e se tivéssemos à mão todas as fórmulas necessárias para realizar os cálculos poderíamos, teoricamente, saber com antemão como seria o movimento causado nas bolas da mesa de sinuca e, consequentemente, como o sistema se configuraria no final. Agora vamos expandir a idéia até os confins da nossa existência. Imaginem cada átomo do cosmos como uma bola de sinuca e imaginem toda a extensão do Universo como uma mesa. Se soubéssemos qual a configuração dessas "bolas" na "mesa" universal em um dado momento e se tivéssemos como processar toda essa informação usando as fórmulas adequadas poderíamos prever como o Universo se configuraria em qualquer ponto de sua extensão em qualquer instante do tempo. Seria possível prever, inclusive, pequenos detalhes como qual a cor do vestido que aquela mulher vai usar depois de amanhã ou se aquele cachorro vai levantar a pata esquerda ou direita quando for fazer xixi hoje. Qualquer coisa seria previsível, conquanto se possuísse as informações adequadas e uma maneira eficaz de processá-las. Espantados? O impacto dessa corrente de pensamento atingiu a filosofia humana como um soco na boca do estômago. É claro que dificilmente teríamos acesso a toda informação existente no Universo em um determinado instante, muito dificilmente conseguiríamos descobrir fórmulas 100% corretas sobre a interação entre matéria/energia e, ainda assim, seria preciso computadores velocíssimos para processar tamanho fluxo de dados. Mesmo assim, teoricamente, tudo estaria determinado antes mesmo de ocorrer. Em um cenário como esse seria possível existir livre-arbítrio? E qual seria o papel de Deus já que esse não poderia interferir em absolutamente nada dentro do sistema?
Acontece que em 1927 o alemão Werner Heisenberg enunciou o seu Princípio da Incerteza que mudaria para sempre a maneira como vemos o mundo. Segundo esse, qualquer tentativa de medição de uma partícula elementar (ou seja, de tamanho extremamente pequeno) esbarra numa barreira intransponível que impede que tenhamos com absoluta certeza a posição e velocidade dessa partícula num dado instante. Por quê? Porque a medição de uma partícula é feita atirando uma onda (como a luz) contra ela e vendo como essa onda é alterada. Dessa maneira pode-se saber qual a configuração do que se está medindo. Acontece que a onda usada na medição é, antes de mais nada, energia e assim quando essa onda atinge uma dada partícula ela altera a configuração da mesma. Quanto maior a precisão desejada maior deve ser a intensidade da onda atirada, mas quanto maior a intensidade dessa onda maior vai ser a alteração no que se quer medir. Por isso, nunca poderemos saber com certeza a posição e velocidade de uma partícula num determinado instante. Quanto maior a precisão na velocidade, menor a precisão na posição e vice-versa. E quais as consequências disso pra nossa filosofia? Fica comprovado, cientificamente, que por mais determinístico que o Universo seja nós, seres humanos, não teremos acesso às informações sobre as partículas que compôem à nossa existência. E sem os dados sobre as "bolas de sinuca" é impossível fazer qualquer tipo de previsão 100% acurada.
Vou tentar descrever essa impossibilidade imposta pelo Princípio da Incerteza de uma maneira bem simples. Imaginem que o que queremos medir seja um objeto qualquer e que para essa medida acontecer precisamos ver esse objeto. Portanto, deve haver luz batendo no mesmo e voltando até nossos olhos ou do contrário tudo estará escuro e nada poderemos dizer sobre ele. O problema é que quando o objeto é muito pequeno até mesmo a luz pode perturbar seu estado inicial. Então, quando tentamos "ver" esse tipo de objeto na verdade não consiguimos realmente saber com precisão qual era seu verdadeiro estado antes da luz acertá-lo.
Bom, os cientistas continuaram tentando mensurar as partículas mas, cada vez que uma nova tentativa era feita, elas apareciam de uma maneira diferente. Foi aí que um fato curioso aconteceu: por mais que fosse impossível prever com certeza a configuração de uma partícula em uma dada mediação, se fizéssemos várias tentativas e comparássemos os resultados veríamos que uma particula do tipo X apareceria, por exemplo, 10,34% das vezes num ponto, 12,91% das vezes em outro, 21,76% em outro e assim por diante. Além disso, quanto maior o número de medições mais precisas essas porcentagens seriam. Independentemente de onde ou quando as medições são feitas, quanto o maior número delas maior a precisão encontrada. Essa é a verdadeira essência da Mecânica Quântica. Nessa nova abordagem da física as partículas elementares deixam de ter uma configuração conhecida num dado instante (por exemplo, ter posição 10 e velocidade 20) e passam a ter uma chance de possuírem tal configuração (por exemplo, 10% de chance de terem posição 10 e velocidade 20). Nada mais pode ser dito a curto prazo, apenas a longo prazo.
Alguém aí percebeu a semelhança com aquele conhecido jogo chamado poker? Pensem comigo: eu tenho KQs, ambos de copas. Na mesa estão JT2 (sendo o J e T de copas). Minhas chances de vencer são muito boas. Várias cartas no turn me garantem um flush, um straight ou até mesmo um straight flush que muito provavelmente me dariam a vitória. Ainda restam 2 cartas por vir, posso ganhar fazendo top pair, posso ganhar sem ao menos atingir jogo algum. Realmente eu tenho tudo pra conseguir esse pote. Entretanto eu pergunto: alguém aí apostaria a casa nessa situação? Você apostaria a sua própria vida nela? NÃO! E o motivo disso é que, por maior que seja a chance de você ganhar, em uma única rodada NADA PODE SER PREVISTO! Da mesma maneira como na mecânica quântica nada pode ser dito sobre uma única medição de partícula assim também no poker nada pode ser dito quanto ao desenrolar de um único round de jogada. As previsões em ambos cenários só começam a fazer sentido a longo prazo, depois de várias e várias constatações.
Com isso eu explicito aqui quão irrisório é um um único round de jogada no poker. Sabe aquela vez que você tinha tudo pra ganhar e não ganhou? Pois então, você amaldiçoou as cartas, o crupiê, Deus e tudo mais, não foi? Pois saiba que aquilo não significou absolutamente NADA! Dentro desse nosso Universo (tanto o verdadeiro quanto o do poker) tudo é possível. Porém, por mais caótico que ambos possam parecer, há logíca por trás destes. Só é necessário saber "ver" essa lógica. E qual seria ela? VISÃO A LONGO PRAZO.
Com isso eu encerro minha tese. Concluo que tanto no poker quanto no mundo subatômico o que prevalece são as chances e possibilidades. Digo que nada pode ser dito em um dado instante e que qualquer previsão só é sensata a longo prazo. Espero que essas idéias possam servir de ponto de partida para muitas outras em cada um de vocês, tanto no que se refere à fisíca, à existência e, é claro, na maneira como vocês encaram e jogam poker.
Para quem quiser mais referências sobre qualquer tópico aqui abordado, por favor deixem uma mensagem. E gostaria muito de ouvir de vocês opiniões sobre o texto que agora se encerra.
Muito obrigado a todos e até!
Vou tentar descrever essa impossibilidade imposta pelo Princípio da Incerteza de uma maneira bem simples. Imaginem que o que queremos medir seja um objeto qualquer e que para essa medida acontecer precisamos ver esse objeto. Portanto, deve haver luz batendo no mesmo e voltando até nossos olhos ou do contrário tudo estará escuro e nada poderemos dizer sobre ele. O problema é que quando o objeto é muito pequeno até mesmo a luz pode perturbar seu estado inicial. Então, quando tentamos "ver" esse tipo de objeto na verdade não consiguimos realmente saber com precisão qual era seu verdadeiro estado antes da luz acertá-lo.
Bom, os cientistas continuaram tentando mensurar as partículas mas, cada vez que uma nova tentativa era feita, elas apareciam de uma maneira diferente. Foi aí que um fato curioso aconteceu: por mais que fosse impossível prever com certeza a configuração de uma partícula em uma dada mediação, se fizéssemos várias tentativas e comparássemos os resultados veríamos que uma particula do tipo X apareceria, por exemplo, 10,34% das vezes num ponto, 12,91% das vezes em outro, 21,76% em outro e assim por diante. Além disso, quanto maior o número de medições mais precisas essas porcentagens seriam. Independentemente de onde ou quando as medições são feitas, quanto o maior número delas maior a precisão encontrada. Essa é a verdadeira essência da Mecânica Quântica. Nessa nova abordagem da física as partículas elementares deixam de ter uma configuração conhecida num dado instante (por exemplo, ter posição 10 e velocidade 20) e passam a ter uma chance de possuírem tal configuração (por exemplo, 10% de chance de terem posição 10 e velocidade 20). Nada mais pode ser dito a curto prazo, apenas a longo prazo.
Alguém aí percebeu a semelhança com aquele conhecido jogo chamado poker? Pensem comigo: eu tenho KQs, ambos de copas. Na mesa estão JT2 (sendo o J e T de copas). Minhas chances de vencer são muito boas. Várias cartas no turn me garantem um flush, um straight ou até mesmo um straight flush que muito provavelmente me dariam a vitória. Ainda restam 2 cartas por vir, posso ganhar fazendo top pair, posso ganhar sem ao menos atingir jogo algum. Realmente eu tenho tudo pra conseguir esse pote. Entretanto eu pergunto: alguém aí apostaria a casa nessa situação? Você apostaria a sua própria vida nela? NÃO! E o motivo disso é que, por maior que seja a chance de você ganhar, em uma única rodada NADA PODE SER PREVISTO! Da mesma maneira como na mecânica quântica nada pode ser dito sobre uma única medição de partícula assim também no poker nada pode ser dito quanto ao desenrolar de um único round de jogada. As previsões em ambos cenários só começam a fazer sentido a longo prazo, depois de várias e várias constatações.
Com isso eu explicito aqui quão irrisório é um um único round de jogada no poker. Sabe aquela vez que você tinha tudo pra ganhar e não ganhou? Pois então, você amaldiçoou as cartas, o crupiê, Deus e tudo mais, não foi? Pois saiba que aquilo não significou absolutamente NADA! Dentro desse nosso Universo (tanto o verdadeiro quanto o do poker) tudo é possível. Porém, por mais caótico que ambos possam parecer, há logíca por trás destes. Só é necessário saber "ver" essa lógica. E qual seria ela? VISÃO A LONGO PRAZO.
Com isso eu encerro minha tese. Concluo que tanto no poker quanto no mundo subatômico o que prevalece são as chances e possibilidades. Digo que nada pode ser dito em um dado instante e que qualquer previsão só é sensata a longo prazo. Espero que essas idéias possam servir de ponto de partida para muitas outras em cada um de vocês, tanto no que se refere à fisíca, à existência e, é claro, na maneira como vocês encaram e jogam poker.
Para quem quiser mais referências sobre qualquer tópico aqui abordado, por favor deixem uma mensagem. E gostaria muito de ouvir de vocês opiniões sobre o texto que agora se encerra.
Muito obrigado a todos e até!